O que é personalidade?

personalidade trata-se de:

  • Qualidade ou condição de uma pessoa;
  • Tudo aquilo que determina a individualidade de uma pessoa moral, segundo a percepção alheia;
  • Qualidade essencial e exclusiva de uma pessoa; aquilo que a distingue de todas as outras; caráter, identidade, originalidade;
  • Imagem assumida e projetada publicamente por alguém;
  • Conjunto de predisposições psíquicas que diferenciam uma pessoa e que estabelecem um padrão de resposta comportamental característica, e de certa forma previsível, que cada pessoa desenvolve como estilo de vida.

Essa última forma de descrição da personalidade é a forma usada pela Psicologia

Os modelos de identidade, assim como as divisões topográficas da mente, foram identificados e analisados por Freud a partir de sua experiência na clínica. Ao observar os transtornos psicológicos que muitos indivíduos apresentavam, constatou a existência de níveis inconscientes em nossa mente. Afirmando não haver uma descontinuidade entre os processos mentais, o autor se dedica a identificar os níveis obscuros da psique humana. A partir dessas análises ele pode afirmar que a parte de nosso cérebro mais importante na definição da personalidade não é a consciente, mas a inconsciente.

A psicanálise se interessa principalmente pelo desenvolvimento da psique durante a infância. Isso porque vê como primordial o papel da família na formação da personalidade. Devido a essa concepção, defende-se que é a partir do Complexo de Édipo que se estrutura a psique. 

COMPLEXO DE ÉDIPO: Trata-se de um conjunto de sentimentos hostis e amorosos que o filho sente em relação à mãe. Seriam desejos que surgem de forma inconsciente durante a infância. O nome foi inspirado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Nela, o autor grego conta a história de um filho que matou o pai e casou-se com a mãe, isso antes de saber do parentesco entre eles. Quando descobriram ser mãe e filho já haviam, inclusive, constituído uma nova família. Com a notícia, a mãe se suicidou, enquanto Édipo arranca os próprios olhos. Para tratar do fenômeno de identificação entre filha e mãe, Freud utilizava o termo Complexo de Édipo feminino. Nesse, a identificação da filha com a mãe seria tão intensa que a primeira competiria com a segunda pelo amor do pai).

Quais são os tipos de estruturas existentes?

  • Neurose

A Neurose se divide em Neurose de Histeria e Neurose Obsessiva.

  • Psicose

A psicose se divide em Paranoia, Autismo e Esquizofrenia.

  • Perversão

A perversão não possui subdivisões. Ela, no entanto, possui várias formas de manifestação. Uma delas seria o que Freud chama de Fetichismo.

Como saber a diferença entre a normalidade e a doença?

A única diferença, para a psicanálise, estaria no grau. Ou seja, as pessoas têm graus variados de sintomas ligados à sua estrutura psíquica. Quanto maior o grau, maior o sofrimento do indivíduo.

O sofrimento derivado desses sintomas psíquicos, resultantes da estrutura mental constituída a partir do Complexo de Édipo, é o que leva à procura de tratamento psicológico.

E por meio desses sintomas é que Freud vê a necessidade de compreender a formação, a função e a importância do inconsciente.

Mecanismos de defesa atrelados a cada estrutura de personalidade

Cada uma dessas estruturas: neurose, psicose e perversão,  possui, segundo Freud, um mecanismo de defesa específico. Esse mecanismo de defesa nada mais é do que uma forma inconsciente que a mente do indivíduo encontra para lidar com o sofrimento que advém do Complexo de Édipo.

Neurose

Seu mecanismo de defesa é o recalque ou repressão.

O conteúdo problemático é mantido em segredo. E não só para os outros, mas para o próprio indivíduo que sente. O neurótico guarda dentro de si o problema externo. É disso que se trata o recalque ou repressão.

Portanto, para que alguns conteúdos fiquem recalcados ou reprimidos, a neurose provoca no indivíduo uma cisão da psique. Tudo o que é doloroso é recaldado e permanece obscuro, causando sofrimentos que o indivíduo mal pode identificar – apenas sentir. Por não poder identificá-los a pessoa passa a reclamar de outras coisas, de sintomas que sente (e não da causa).

No caso da Neurose de Histeria, o indivíduo permanece dando voltas em torno de um mesmo problema insolúvel. É como se a pessoa nunca conseguisse encontrar a verdadeira causa de sua frustração/insatisfação, por isso as constantes reclamações. É possível identificar ainda uma busca constante por um objeto ou uma relação idealizada, na qual o indivíduo deposita aquela frustração recalcada. Isso, logicamente, leva a mais frustrações/insatisfações.

Na Neurose Obsessiva o indivíduo permanece também dando voltas em torno dos mesmos problemas. Nesse caso, no entanto, existe uma forte tendência em organizar tudo ao seu redor. Essa necessidade de organização externa seria um mecanismo para evitar pensar nos problemas reais recalcados em seu interior.

Psicose

O mecanismo de defesa dessa estrutura é conhecido como foraclusão ou forclusão.

O psicótico encontraria fora de si tudo que exclui de dentro. Nesse sentido, ele incluiria para fora os elementos que poderiam ser internos. O problema para o psicótico está sempre no outro, no externo, mas nunca em si.

Outra característica da Psicose é que, diferente do que acontece com indivíduos com outras estruturas mentais, a própria pessoa acaba revelando, ainda que de forma distorcida, os seus sintomas e distúrbios.

Na Paranoia trata-se do outro que o persegue. O sujeito sente-se perseguido, vigiado e até mesmo atacado pelo outro.

No Autismo, trata-se do outro que quase não existe. Isola-se do outro e foge-se da convivência e comunicação com o outro.

Já na Esquizofrenia, o outro pode aparecer de inúmeras formas. O outro é o surto, um estranho, um monstro ou qualquer outra coisa. No caso da esquizofrenia, o que fica mais evidente é a dissociação psíquica.

Perversão

O mecanismo de defesa específico da perversão é a denegação.

Freud coloca que muitos indivíduos que faziam análise com ele apresentavam fetiches como algo que os traria apenas prazer, algo até mesmo louvável. Esses indivíduos nunca o procuravam para falar desse fetichismo, ele aprecia apenas como uma descoberta subsidiária. Assim se dá a denegação: a recusa em reconhecer um fato, um problema, um sintoma, uma dor.

Conclusão

Aqui mostramos que todo sujeito irá fazer parte de uma dessas estruturas de personalidade. Saber a estrutura do sujeito facilita ao psicoterapeuta o direcionamento do atendimento psicoterápico com seu cliente. Não será fácil descobrir qual é a sua estrutura por meio somente desta matéria, é essencial o processo psicoterápico. Além disso, só o fato de saber em qual estrutura faz parte não irá fazer você se curar de alguma condição que causa sofrimento, mas lendo essas informações e percebendo que o grau dos sintomas está mais para alto do que baixo, podemos verificar a maior necessidade de atendimento psicológico. 

Referências

EQUIPE PSICANÁLISE CLÍNICA. Personalidade para a Psicanálise: Uma Teoria. Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/personalidade-para-a-psicanalise/.  

EQUIPE PSICANÁLISE CLÍNICA. Psicose, Neurose e Perversão: Estruturas Psicanalíticas. Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/personalidade-para-a-psicanalise/.  

ESCOLA, Equipe Brasil. O que é Psicologia. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/o-que-e-psicologia.htm. 

MICHAELLIS. Significado de personalidade. Dicionário Online. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/personalidade. Acesso em: 10 mar. 2021.